segunda-feira, 4 de maio de 2009

Polícia encara a dependência química em suas fileiras



Pesquisa da Fiocruz revela que quase a metade do efetivo da PM bebe todos os dias. Estudo mostra ainda uso preocupante de drogas
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POR MARIA MAZZEI, RIO DE JANEIRO
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Rio - Pela primeira vez a Polícia Militar está fazendo exames toxicológicos na seleção de candidatos a oficiais e praças da corporação. A exigência está amparada no índice preocupante de PMs alcoólatras ou usuários de drogas, como maconha, cocaína e tranquilizantes. O alerta foi lançado a partir de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 1.300 policiais (civis e militares), que revelou que 48% dos oficiais, suboficiais e sargentos consomem bebidas alcoólicas diariamente. Cabos e soldados que assumem excessos com o copo são 44,3%. Já entre os policiais civis, o problema atinge 18,4%.
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O estudo é parte do livro ‘Missão Prevenir e Proteger’, sobre as condições de vida da tropa. O envolvimento dos PMs com álcool e drogas ilícitas torna-se mais preocupante considerando que boa parte de suas ações se dá em morros cujo objetivo principal é reprimir o tráfico e apreender drogas.“A bebida era o meu combustível. Bebia todo dia. Me ajudava a desestressar. Não bebia em serviço, mas muitos colegas bebem até no quartel”, conta o soldado D., 37 anos, há 10 na corporação. O trabalho com apreensões de drogas funcionou como tentação para experimentar outros tipos de entorpecentes, a partir de 2001. “Com a cocaína comecei pela curiosidade. Fiquei com um pouco que minha patamo tinha apreendido e provei”, relata ele, que, nos últimos 4 anos, envolveu-se ainda com outro vício: jogos em maquininhas.“Depois que me viciei em jogo, perdi tudo. Das máquinas, passei para o carteado. Apostei casa, carro e cheguei a empenhar a arma do trabalho”, contou. D. chegou a passar 37 dias internado no setor de recuperação para dependentes químicos (Renascer) do Hospital Central da PM, em 2007. No Renascer estão internados atualmente 66 policiais. Uma vez por semana centenas (o número não foi divulgado) de PMs de várias patentes participam de reuniões de recuperação. Um dos pacientes do Renascer era o ex-PM Marcelo Silva, ex-marido da atriz Susana Vieira, morto de overdose em dezembro. Marcelo, que segundo amigos conheceu a cocaína dentro de unidade da PM, abandonou o tratamento.
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“Na polícia o contato com esse tipo de situação é muito fácil e, se a pessoa não tiver cabeça, se perde. Não é fácil esquecer a cena do colega baleado ou de ter que matar para não levar um tiro”, explica o tenente F., 33 anos.
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A pesquisa feita pela Fiocruz mostra que o tranquilizante é a droga mais consumida entre policiais civis e militares. O uso se concentra — segundo apontaram as entrevistas com os 1.300 policiais — entre oficiais, suboficiais e sargentos (13,9%), contra 8,5% de cabos e soldados que confessaram fazer uso dessas substâncias. Os oficiais também consomem mais sedativos e barbitúricos, maconha, cocaína e substâncias para sentir ‘barato’, como lança-perfume, cola e gasolina.
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Objetivo é barrar usuários de drogas
O exame toxicológico adotado pela PM na seleção de candidatos a oficiais e praças da corporação tem o objetivo de barrar a entrada de usuários de drogas ilícitas na instituição. O teste detecta o uso de substâncias legais, como bebidas, e ilegais, como maconha e cocaína, em até 90 dias depois de a pessoa ter consumido a droga.
No total, são 14 substâncias identificadas de uma só vez. Até agora 200 candidatos a oficiais fizeram o exame e o resultado deve ficar pronto em duas semanas.
Segundo especialistas em Segurança Pública consultados por O DIA, o alcoolismo e a dependência química de policiais são consequência do estresse diário da profissão e da falta de acompanhamento psicológico. Para eles, o teste toxicológico deveria ser aplicado também em policiais da ativa.
“Se dirigir alcoolizado é um perigo, imagine portar uma arma estando drogado? Esse tipo de exame deveria ser feito também em policiais da ativa. Diariamente, PMs passam por estresse extremo, arriscando suas vidas. A bebida é uma forma de se tranquilizar. A extensão do problema é ainda maior quando pensamos no perigo para a população, já que um policial drogado não tem capacidade de decisão rápida e sensata”, alerta o sociólogo Cláudio Beato, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais
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(CRISP/UFMG).
CONTRA O VÍCIO
VERBA PARA A SAÚDE DA POLÍCIA
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) pretende criar até o fim deste ano o Programa Nacional de Atendimento à Saúde dos Servidores de Segurança Pública. Até setembro, R$ 30 milhões devem ser liberados pelo governo federal para a implantação do projeto. Parte desse dinheiro será disponibilizada para a Secretaria de Segurança do Rio. A ideia do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, é criar o Centro Integrado de Saúde Psíquica, que vai atender bombeiros e policiais civis e militares.
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RECUPERAÇÃO DE 40%
De acordo com a Secretaria de Segurança, hoje a PM consegue recuperar 40% dos policiais alcoólatras e dependentes de drogas ilícitas. A assessoria de imprensa da Polícia Militar respondeu via e-mail que a corporação não iria se pronunciar sobre o assunto.
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ACÚMULO DE TENSÕES
De acordo com o cientista político João Trajano, do Departamento de Ciências Sociais da Uerj, a corporação não oferece o tratamento psicológico necessário aos policiais. “Tudo em torno do trabalho policial gera estresse. Em um dia ele passa por determinado episódio e quase perde a vida. No plantão seguinte volta ao trabalho como se nada tivesse acontecido. Seria razoável que a PM pudesse minimizar os danos oferecendo um atendimento psicológico adequado, mas o que existe não atende à verdadeira necessidade deles (policiais). Atualmente o policial só recebe apoio quando procura ou quando algum colega tenta ajudá-lo. Contudo, o verdadeiro doente dificilmente admite que precisa se tratar”, afirmou. (Fonte: O Dia - on line)
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Acho ótimo que se faça exames também no pessoal da ativa, só fico pensando o que fariam com os resultados positivos de uso de álcool e drogas. Como afastar mais de 45% do efetivo de uma só vez para tratamento? Complicado. O correto, na minha opinião, seria o acompanhamento psicológico frequente com avaliações e afastamento sempre que necessário, sem que o policial precisasse carregar o estigma de SINA.

9 comentários:

A VERDADE disse...

NÃO DEIXE SEU BLOG MORRER, ELE É MUITO IMPORTANTE PARA TODOAS NÓS MULHERES DE PRAÇAS.

Anônimo disse...

A "nova" farda da PMERJ, é "velha" na verdade. Foi abolida na década de 80 por causar imobilidade para o praça...o "cara" que sai as ruas.

Se naquela época que a criminalidade era menor aboliram, imagine nos dias de hoje, nesta "espetacular" guerra civil carioca?!

Essa "nova roupinha", é só para oficiais, para aquartelados. Para o pessoal do "rala", tem que ser o velho e atual mug. Estilo piãozão, da galera da "faxina"... Confortavel, com mil bolsos para colocar carregadores e objetos pessoais que não se pode deixar no armário...Para saltar, pular, correr, deitar no chão...

A "nova farda", não tem bolsos, claro, é uma calça social!

É deve ter sido alguma socialite que não gostava do mug bruto, grosso...latino demais.

Ou "álguém", que em vez de aumentar o soldo da poliçada, prefere desviar o dinheiro
para "desfile de modas". Cuidado para mandarem pintar o fuzil de rosa com aplicações de flores...aquela cor preta do aço é bruta!

Anônimo disse...

BLOG REPÓRTER DE CRIME.
COMENTÁRIO:
"Nome: FLÁVIO BOLSONARO.
3/5/2009 - 21:31.
Um bom Comandante-Geral da PMERJ não precisa, necessariamente, ter uma boa oratória ou possuir um vocabulário seleto... mas precisa, obrigatoriamente, ser competente, responsável e conhecer as necessidades da tropa, para EXIGIR do Governo do Estado o mínimo de condições salarias e de trabalho àqueles que dão o sangue pela nossa segurança.Gostaria de perguntar ao Secretário de Segurança se ele não tem vergonha de ser o responsável pela nomeação do Cel Pitta.Imaginem um seminário sobre segurança pública, onde estão os mais gabaritados profissionais no tema, Comandantes das Polícias Militares de vários Estados e a palavra sendo aberta ao nosso... para discorrer, usando seu excelente português, sobre suas grandes conquitas para a Corporação que comanda e para a população fluminense...As pessoas devem se perguntar: "quem nomeou este Comandante, foi o Beltrame ou o Sérgio Cabral? Bom, o Cabral fala que não interfere na PMERJ, então foi o Beltrame mesmo."
Que vergonha!
FLÁVIO BOLSONARO
Deputado Estadual"

Anônimo disse...

É amiga, tá difícil ajudar nossos maridos. E quando algumas de nós tenta fazer algo...muita gente quer se meter. Será que também não podemos nos expressar? Que confusão que esse MMAI arrumou! Mas tenho fé em DEUS que vamos sair vitoriosas.

Anônimo disse...

OLÁ SILVIA, NÃO CONHECIA SEU BLOG. PARABÉNS PELA SUA INICIATIVA, PRECISAMOS DE PESSOAS QUE TEM SANGUE DE GUERREIRA NAS VEIAS.

AMAMOS NOSSOS HOMENS DA PM QUE SÃO OS VERDADEIROS HÉROIS!

Anônimo disse...

É TRISTE VER MÃES E ESPOSAS DOS NOSSOS AMIGOS CHORANDO PELA SUA PERDA, ENTÃO PARAMOS E PENSAMOS: QUANDO SERÁ A NOSSA VEZ?
MESMO COM PASSOS DE TARGARUGA,MESMO COM UM PEQUENO GRUPO, NÓS VAMOS LUTAR POR QUEM DÁ SEU SANGUE E SUA VIDA TODOS OS DIAS POR UM MISERO SALÁRIO!

Sérgio Cerqueira Borges disse...

http://www.youtube.com/watch?v=nkYxEAncr5w

Divulgue por favor.
Um abraço.

Anônimo disse...

tem um oficial do 14 BPM que só anda bebado

Anônimo disse...

PARABENS ao comando por colocar este importante exame para barrar drogas na PM RJ!!

Agora precisa arrumar $ para aumento dos soldos.