terça-feira, 27 de janeiro de 2009

HCPM = Tristeza e sofrimento

Se você está dependendo de agendar uma consulta no “maravilhoso” HCPM, prepare-se!!!
Tentei agendar uma consulta pelo telefone para que meu marido fosse atendido pelo clínico geral e, qual não foi minha surpresa após duas longas horas de tentativas ininterruptas de discagem, onde o telefone chamava mas ninguém atendia (fato explicável se for um número único que ao ser distribuído pelos ramais a sua ligação cai em um ponto sem aparelho), fui atendida por um soldado muito educado e solícito que me explicou que hoje eu não conseguiria mais marcar a consulta para daqui a 14 dias pois, por dia, só se marcam 18 consultas prévias e grande parte das vagas já haviam sido preenchidas pelas pessoas que estavam na fila da marcação desde a madrugada e eu, as 10 horas da manhã, não tinha conseguido ligar a tempo, ligar não, ser atendida, pois ligar eu estava ligando desde as 8:05 hs da manhã!
Bom, então agora deixe-me ver se entendi: As consultas são agendadas pelo telefone para daqui a 14 dias, mas se eu for para a fila de madrugada também posso agendar minha consulta para daqui a 14 dias, então parece que a emenda ficou pior que o soneto, pois, antigamente a gente tinha mesmo que ir para a fila de madrugada, às vezes até dormir na fila (dependendo da especialidade) para conseguir atendimento, mas, pelo menos, a consulta era para o mesmo dia, agora, pelo visto, temos que chegar de madrugada, enfrentar fila para MARCAR uma consulta para 14 dias. Alguém me responda, por favor, para quê o telefone? Só para aumentar o nível de estresse e dar dinheiro pra as operadoras de telefonia? Qual foi o objetivo da mudança? Melhorar o atendimento não deve ser, só posso crer que, além de mandarem nossos maridos e filhos para a morte certa dentro de caixões de metal em MOVEs e APREVs e garantir a diversão da bandidagem no tiro ao pato também nos PPCs e DPOs, estão querendo nos fazer infartar e sofrer derrames causados pelo estresse e pela demora em ser atendido. É muita crueldade de quem tem a obrigação de zelar pelas nossas vidas e pelo nosso bem-estar deixar que fiquemos assim, jogados às traças, além do sofrimento diário de não sabermos se continuaremos casadas ou se passaremos a ostentar o título de viúvas da PMERJ, de termos que ensinar nossos filhos a esconder a profissão do pai na escola por medo de represálias (já que muitos estudam em escolas públicas próximas a comunidades comandadas pelo tráfico), ainda temos que sofrer a humilhação de implorar por atendimento médico digno, atendimento esse que vem descontado todo mês no salário do policial militar, mesmo que inconstitucionalmente e que está descrito no estatuto com um direito do policial, como já citei em uma outra postagem. Pagamos duas vezes, duas vezes sim, pois os impostos e a previdência deveriam ser suficientes para que o serviço médico fosse bom, mas além deles ainda descontamos o fundo de saúde que aparentemente, está servindo para encher o bolso de alguém ou para fazer outras coisa que , infelizmente, entre elas não está cuidar do atendimento no HCPM. Eu e meus filhos não precisamos passar por essa via crucis, pois eu tenho plano pela prefeitura que dá a eles o direito de um atendimento digno, mas meu marido depende do HCPM, já que qualquer problema que ele tenha só será aceito pela PMERJ se a justificativa vier de um médico da PM e é aí que mora a injustiça, como meu marido, que depende deles, todos os outros PPMM e grande parte de suas famílias também dependem do atendimento desse hospital e a pior parte é que nem reclamar se pode, pois ninguém liga para o PM ou para seus familiares. Infelizmente não temos direitos nem a saúde e nem a educação. Seria muito bom se alguém olhasse para o HCPM e tentasse descobrir onde vai a verba do fundo de saúde e seria muito bom também se, alguém com conhecimento de administração hospitalar, orientasse a direção do hospital na forma de organizar melhor esses agendamentos e marcações, pois custo a crer que seja uma atitude maldosa ou deliberada deixar-nos mofando desde a madrugada em filas ou pendurados ao telefone para não marcar ou só conseguir ser atendidos 14 dias depois.

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Ao senhor Governador peço encarecidamente (já estou até aprendendo a implorar) que passe a olhar um pouquinho pela família policial militar, estamos morrendo à míngua, de fome pelos salários, de tiro pelos atentados e, agora, de doença pela demora no atendimento!
SOCORRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Tiro ao pato, tirem nossos maridos e filhos de lá


Desde a semana do natal que venho tentando sentar aqui na frente da minha tela para deixar uma mensagem de fim de ano para os amigos que me visitam, mas andei tão atrapalhada que acabei deixando passar as festas. Pensei que o primeiro domingo do ano seria o ideal para escrever uma bela mensagem de fé e esperança para o ano que se inicia. Só que hoje, ao sentar-me aqui, decidi que fé e esperança todos que são PPMM ou parentes dos mesmos temos esses de sobra, como diria minha vó: “para dar e vender”, senão, como estaríamos sobrevivendo até hoje? Como estaríamos conseguindo levantar todos os dias levando a vida com tanta força? Mas o que mais me afastou da “mensagem lugar comum” foram os acontecimentos dos três primeiros dias do ano. É meus amigos, o ano ainda nem começou (só vai começar mesmo depois do carnaval) e já tivemos dois ataques a policiais militares em dois dias, com o saldo de dois mortos e dois feridos, sendo um com gravidade. Um dos ataques demonstra com clareza a banalização da vida do PM, mostra a pouquíssima importância que se dá ao homem por trás da farda (apesar da rapidez com que se prendeu o criminoso). Um homem, aparentemente acima de qualquer suspeita, daqueles que se fosse atingido em meio a uma confusão por um “policial despreparado”, iria provocar comoção geral sem falar das ofensas do governador e dos esbravejamentos dos familiares, sacou uma pistola e, por causa de uma reles briga por vaga em estacionamento, matou a sangue frio dois PPMM e fugiu em seguida. Aposto que nenhum de vocês leu nenhuma manchete nos jornais falando do fato, ou assistiu nosso governador largar a taça de champanhe da comemoração da posse de seu pupilo para berrar a plenos pulmões que o sr. Técnico de Som Residente no Grajaú era um “Débil Mental”, ou pelo menos assistiu uma mísera declaração do governo declarando luto e indignação; Pior ainda, alguém viu um representante do governo vir à público desejar os pêsames aos familiares desses policiais que, no cumprimento do dever, se depararam com um “bicho” que não pensou duas vezes antes de tirar duas vidas? Apesar da ação da delegacia da região onde ocorreu o crime e da rapidez da P2 do 6º BPM em efetuar a prisão, alguém duvida do desfecho desse caso? Mas ninguém se importou! A mídia, sempre tão solícita ao atirar pedras e buscar manchas nas condutas dos policiais que se envolvem em ocorrências de morte de inocentes normalmente em momentos de grande tensão, deve ter dedicado umas linhas em algum rodapé de página só para não dizerem que não foi noticiado, não sei das manchetes de hoje, ainda não li os jornais, mas ontem o destaque era para a morte do empresário alemão de férias em Paraty, é isso aí, afinal policial não é gente, é patrimônio do estado e quando danificado abre-se outro concurso e admite-se mais dois mil “débeis mentais” para substituição, parece aqui em casa quando queima uma lâmpada e eu grito: “Rico, tô sem luz no banheiro, troca pra mim”, nem o nome do objeto que vai ser trocado eu pronuncio, e é assim que o governo nos trata. O outro caso é tragédia anunciada, daquelas que só quem não sabia que iria acontecer é a criatura que criou a tal “visibilidade”, ótima para o povão que passa e vê a viatura ali, paradinha, IMÓVEL (cheguei a achar que o nome MOVE seria uma alusão à posição), mas péssima para o policial que fica vulnerável em uma posição de alvo pra quem quiser. Nunca entendi esse tipo de “policiamento” onde se expõe a vida do homem e onde não se dá o mínimo de dignidade, fica parecendo que, por ser policial, o cara é máquina que não sente calor, frio, nem necessidades fisiológicas. A criatura que os põe ali deve ter um botãozinho de “liga/desliga” que controla essas necessidades ou então não tem rins, bexiga e intestinos e, por isso, não conhece a importância de se ter, pelo menos, um banheiro. Também, banheiro pra quê? No calor de quarenta graus com sensação térmica de 45° que deve fazer na perimetral e nesses elevados da vida sem água e com a comida chegando já passada, sem contar com a quantidade de gás carbônico inaladas, as únicas coisas que o indivíduo não deve produzir são urina e fezes, mas isso não vem ao caso agora, o que está em pauta é a “visibilidade” ou “barraquinha de tiro ao pato”, com a colocação de toldos azuis em alguns pontos, aí mesmo é que ficou parecendo uma barraquinha. Dois policiais foram atingidos em uma dessas visibilidades, um está em estado crítico e o outro sem gravidade, mas como disse antes, tragédia anunciada. Agora só nos resta perguntar: E aí Governador? E aí Secretário de Segurança? E aí senhor Comandante Geral? Até quando veremos nossos maridos, pais, filhos, irmãos, etc, sendo mortos em operações sem sentido que só expõem a vida do PM e que nenhum resultado concreto traz para a população? Até quando teremos que ouvir nossos bravos sendo chamados de “débeis mentais”, inconseqüentes, despreparados e outros adjetivos sem que os senhores comecem a dar para só depois cobrar?
Querem saber, era para ser uma mensagem de fé e esperança, mas acabou virando um desabafo, um relato da revolta e da mágoa que hoje povoa o coração dos parentes e daqueles que amam e honram a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, mas no fim é também uma mensagem de fé, fé que um dia alguém olhará e sentirá no fundo do coração que o Policial Militar não pode ser olhado nem de cima, nem de lado, mas deve ser olhado de frente, olho no olho, que ele deve ser encarado como o homem e mulher que está ali no dia-a-dia, servindo e protegendo, porque sempre que precisamos de ajuda, o primeiro número que lembramos não é o da mãe nem o do marido mas o 190 e, esses homens estão por aí, morrendo feito insetos e a grande maioria da sociedade pouco se importa, aliás tem até gente que diz que é menos um, e eu tenho que concordar que é menos um: menos um pai, menos um marido, menso um irmão, menos um filho, e por aí vai...
Aos bravos que se foram no raiar de mais um ano, que Deus os receba de braços abertos, às famílias só posso deixar um abraço forte com muitas lágrimas por mais esses sóis que nasceram no céu do Brasil me desculpando pelo egoísmo de agradecer a Deus por meu marido não ter sido uma das vítimas, me despeço sem os tradicionais votos de Feliz Ano Novo!