sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Voltando a realidade



Enfim acabou a festa de Momo e nós, pobres mortais, retomaremos nossa rotina. Foram 4 dias de país parado e adormecido, 4 dias em que ficamos em animação suspensa, vivendo a ilusão que a vida é muito boa e que não temos problemas, quatro dias em que a grande maioria do povo se aliena e parece viver em outro mundo, aí quando tudo acaba e a ficha cai, percebemos que foi tudo ilusão, que os pedófilos continuam abusando de crianças, que o tráfico continua por aí, aliás trabalhando como nunca nos dias da folia de Momo, caímos na real que o salário e a desvalorização do Policial Militar segue de vento em popa. Nós que vivenciamos o dia-a-dia do PM é que sabemos como “é bom” o carnaval. Quantas de nós, esposas, passamos os quatro dias em companhia dos nossos maridos? Quantos filhos tiveram o prazer de viajar nesses dias em companhia dos pais e puderam usufruir de todos os dias em sua companhia? Posso garantir que muito poucos. Aqui em casa viajar é coisa que passa longe, afinal trabalhamos nas festas e tivemos apenas um dia em que passamos os dois com o nosso caçula, o mais velho deu a sorte de poder viajar com a família da namorada, pelo menos alguém aqui pode aproveitar!
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Uma coisa ficou meio no ar para mim, com tantos extras (até quem não pode trabalhar armado foi escalado) como é que tinham tão poucos policiais no subúrbio? Será que só existe carnaval na Zona Sul e no Sambódromo? Se a resposta não for essa só me resta crer que nós suburbanos, que temos que trabalhar nas festas, não merecemos segurança. Na casa dos policiais ainda é pior, já que além de não merecermos segurança também não merecemos salário digno nem convivência familiar. Mas tudo bem, como já disse a ex-governadora Rosinha Garotinho: “É PM quem quer, eu não seria!”, opinião essa que deve ser partilhada por todos os governantes, já que nenhum deles se interessa em dar dignidade para a família policial militar, quando falo em dignidade não falo de Riocard e abonos vinculados a cursos, não que não ajude, mas fica meio que parecendo esmola, favorzinho prestado com benevolência aos mendigos do estado. Quando falo em dignidade falo em salário digno com o qual o policial possa sustentar sua família sem “bicos”, falo em atendimento hospitalar decente para todos os policiais e seus familiares sem que para isso tenha-se que descontar mais, falo em respeito à folga do policial para que ele possa conviver com os seus, falo em pagamento de horas extras para que esses “extras” possam ser chamados assim corretamente, falo em tratamento digno e humanizado dentro de todas as unidades policial militares, falo em comandantes que realmente se importem com seus comandados e que se preocupem com os seus problemas (como reza o estatuto), falo de tudo isso e muito mais.
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Digo ao meu marido todos os dias que durmo pensando que ao acordar teremos uma boa notícia, uma notícia que irá mudar as nossas vidas e de todos os policias militares, mas sei que é utopia, porque enquanto meia dúzia estiver aceitando aumentos astronômicos em sua gratificações só para conter os que estão abaixo na escala hierárquica continuaremos assim (como todo o resto do Zé Povinho): Dormindo na sexta-feira e acordando na quarta de cinzas com aquele gosto de guarda-chuva velho na boca, a eterna maquiagem de palhaço e com a certeza de que nada mudou, apenas tivemos quatro dias de suspensão para acharmos que o mundo é colorido, cheio de purpurina e cheiro de tutti-frutti, enquanto aguardamos, devidamente sentados, que uma PEC 300 da vida seja aprovada.

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Só queria complementar: Tenho dois garotos, meninos que estão crescendo e, como todo garoto, tendem a ser parecidos com o pai, mas aqui em casa, essa maldição que vem do meu sogro e que passou para o meu marido, acabou. O que eu puder fazer para que um filho meu não sofra dessa maldição chamada Polícia Militar, vou fazer! Graças a Deus nesse ponto meu marido concorda comigo e diz que podemos passar fome, mas a educação dos nossos filhos é prioridade. Meus meninos vão ser “gente” e não mais um entre tantos que sofrem e imploram todos os dias para que as coisas mudem! E eu posso até perder um deles em um assalto, em um acidente ou qualquer outra fatalidade, mas não para a Policia Militar, pois já sofro com o pensamento de que a qualquer momento posso ter que enterrar meu marido precocemente e não quero ter que passar por isso com os meus filhos a troco de quase nada!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Liberdade e libertinagem



Quando a liberdade e a educação liberal são confundidas com falta de limites caímos no abismo da libertinagem. Porque digo isso? É que hoje cedo, ao ler o jornal, me espantei com a indignação do pai do rapaz de classe média alta preso ontem pela polícia federal por envolvimento com o tráfico de drogas. O pai do jovem estava indignado com o “comportamento escandaloso” da PF no ato da prisão de seu filho e assumiu que seu filho era usuário de maconha desde os 15 anos de idade, ora meus amigos, com essa afirmação caímos em todos os comentários e afirmações que fiz na minha postagem anterior. O pai afirma também que nunca deu dinheiro para o filho comprar drogas, mas o sustentava e sustentava o neto de pouco mais de um ano e se o filho comprava drogas com o dinheiro do leite do neném ele não tinha conhecimento. Poxa vida, se eu tenho um filho viciado e ele me pede R$10,00 para comprar um sorvete é no mínimo ingenuidade minha achar que ele vai só comprar o sorvete, na minha santa ignorância de gente pobre e humilde vou achar que esse sorvete se chama “sacolé”, provavelmente branco e não é de coco. O pior nisso tudo é que os pais de hoje, não só o desse rapaz mas muitos outros, não só lavam suas mãos tentando se eximir de qualquer responsabilidade pelos atos criminosos de seus filhos (quando na realidade foram os primeiros a contribuir para esse mergulho sem retorno) como ainda tentam justificar as atitudes minimizando o crime e banalizando a violência por eles cometida; esquecem que todos os dias morrem jovens enredados nas drogas sintéticas vendidas nas festa e ruas, ignoram a gravidade das seqüelas sofridas por quem vivência violências cometidas pelos marginais que descem das favelas (e dos prédios de luxo), diminuem a gravidade dos riscos a saúde de quem faz uso de substâncias entorpecentes tentando justificar o uso da droga escondendo os riscos sob a máscara do uso terapêutico da mesma (terapia bastante discutível se levarmos em consideração que não existem provas dos benefícios da maconha) e, na minha opinião, o pior dos enganos, acreditar piamente que não é responsável pelo aumento da violência e que não financia o tráfico e a compra de armas. Como afirmei na outra postagem parece que alguns dos nobres membros da classe média não enxergam que a arma que será apontada para sua cabeça em um assalto ou a bala perdida de um fuzil que irá atingi-lo de um tiroteio não foi comprada com aquelas “humildes notinhas de cem reais” que ele deu ao seu filho para suas despesas gerais, entendam bem, despesas gerais e não uso de drogas, porque o dinheiro não é dado para comprar drogas, mas para o sorvete, o refrigerante, o lanche, o cinema, etc.
Não sou a dona da verdade, mas como mãe sinto que toda vez que fazemos vista grossa para o que nossos filhos fazem, ignoramos suas atitudes ou minimizamos seus atos classificando-os como “coisa de adolescente”, estamos empurrando-os para um futuro negro e, junto com eles, empurramos toda a sociedade. As atitudes isoladas quando somadas tornam-se uma enorme bola de neve que, depois de posta na descida, só vai parar quando bater em algo e for destruída e, na maioria das vezes, antes de bater ela arrasta muitas coisas e provoca muita destruição. Quem me conhece sabe que não sou uma criatura que pratica religião, mas tenho fé e acredito nas palavras do Senhor e se todos nós ou, pelo menos, a maioria seguisse o mandamento trazido por Jesus o mundo seria bem melhor, esse mandamento é: Amar a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. Quando se ama alguem você não quer desagradar, então a conseqüência são atitudes positivas, e se você ama as pessoas assim como se ama não irá praticar nenhum mal contra ninguém e a conseqüência é não haver maldade, mas se você acha que esse papo de Deus é balela, não tem problema, eu uso outro argumento: Cuide dos seus, plante somente aquilo que quer colher pois tudo o que acontece conosco é conseqüência de atos anteriores, então pense antes de agir, lembre que permissividade não é sinônimo de amor e que quem tudo pode em casa cria a falsa idéia de que o mundo é assim, que nunca diz não e que pra ele tudo é possível e quando o mundo lhe nega algo ele vai tentar tomar a força e a resposta do mundo pode ser muito cruel, aí as lágrimas que deveriam ser derramadas por conta de um sorvete negado ou um passeio que não foi feito podem se transformar em prisão ou morte. É o que estamos assistindo todos os dias, jovens que tem tudo para serem a nata da sociedade sendo presos por condutas ilícitas ou mortos por se envolverem em brigas e pancadarias covardes. Você que é pai ou mãe , leia com atenção, reflita e mude enquanto ainda é tempo. Respeito, amor, frustrações, alegrias, dor, sofrimento, paz, prazer e outros sentimentos são inerentes à vida e cabe a nós pais dar a nossos filhos essas sensações e conhecimentos para mais tarde não chorarmos sobre os seus túmulos ou nos pátios das penitenciárias. Aqui em casa eu sempre digo: Pata de galinha não mata pinto, eu educo hoje para não chorar amanhã!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Quando o certo vira errado e o errado vira certo



Briga com PM no Posto Nove
Um grupo de banhistas impediu que policiais abordassem um suspeito de consumir drogas no Posto 9, um dos pontos mais movimentados da Praia de Ipanema. Garrafas e outros objetos foram jogados nos Pms. Cinco pessoas foram detidas. O suspeito de estar consumindo maconha conseguiu fugir.

E foi assim que o Jornal noticiou esse absurdo. Uma pequena nota com apenas quatro linhas, sem nomes, sem fotos, sem importância. Na TV Record foram divulgadas imagens de um cinegrafista amador mostrando o momento da confusão e também foi veiculada a imagem dos policiais feridos. Aí é que eu digo: O errado virou certo e o certo virou errado!
Os “banhistas” que se meteram nessa confusão para prejudicar o trabalho da PM, muito provavelmente, são os que sentam nas areias do posto 9 para “apertar seu baseado e dar doiszinho” numa boa, ou metem o nariz num pó branco nessas mesmas areias, mas também são os mesmos que se queixam da falta de segurança nessas mesmas areias, que reclamam e berram quando tem seus carros e motos levados em um sinal de cruzamento na Zona Sul, também são os mesmos que dão entrevistas na TV quando ficam apavorados com os tiroteios no Pavão-Pavãozinho. A hipocrisia desse povo chega a me provocar náuseas. Esses caras são hipócritas ao ponto de pensar que um baseadinho não faz mal a ninguém e que o usuário só está prejudicando a ele mesmo, tem até aqueles que acham que maconha ajuda a acalmar. E daí?! Fumar maconha é ilícito, cheirar cocaína também, assim como o porte dessas substâncias. Na cabeça desses caras é muito bacana a liberdade de se drogar onde eles bem entendem, mas para mim não é! Eu não tenho que ser obrigada a assistir, junto com meus filhos, o cara se drogando. Com que cara eu falo para o meu filho que aquilo é proibido? Se é ilegal, não pode ser encarado como normal!!! Para aqueles vão dizer que os incomodados é que tem que se mudar, vou logo dizendo que eu estou certa, eu estou na legalidade, não sou eu que tenho que sair, é você que não tem que se drogar!!!
Mas o pior nisso tudo é que o mesmo cara que se droga é aquele que financia o tráfico. É ele, quando compra seu papelote de cocaína, sua trouxinha de maconha ou sua pedrinha de crack, que está financiando a compra dos fuzis, pistolas, granadas e outros armamentos. O cara que defende o consumo dessa forma, esquece que o cara que ele está defendendo pode ser o mesmo que amanhã vai estar com uma arma na mão pra roubar seu celular e trocar por drogas em uma favela, pode ser o mesmo que, drogado, vai perder o controle do carro e bater contra o carro dos pais do seu defensor e mandá-los para o hospital ou para o cemitério. Os próprios usuários dizem que quem fala assim fala besteira, mas eu acho que não. De onde vem o dinheiro do tráfico senão dos usuários e dos roubos? Então, por essa ótica, de quem é a culpa pela violência crescente? É só do governo e da polícia? Os usuários não tem sua parcela de culpa nessa história? Se os nobres viciados não existissem, não se teria para quem vender a droga, automaticamente não existiria tráfico. Sou totalmente contra esse papo de tratar viciado com benevolência, a dependência química é doença, todos sabemos disso, mas é o tipo de doença que o cara só pega se quiser, não existe vírus que transmita toxicomania, nem muito menos ela aparece como o câncer, que surge dentro de você silenciosamente. A droga vem de fora pra dentro, ou o cara aceitou de alguém ou foi ele mesmo procurar a “doença” em alguma boca de fumo, então, tratemos o doente, mas também, mostremos a ele que além de doença é uma atitude criminosa que vai destruir a ele e a ouras pessoas. Já que é doença, pega-se o “doente”, interna-se, trata-se e só depois permite-se seu retorno ao convívio social. O que não é justo é que eu tenha que conviver com o cara fumando maconha do meu lado e, só porque ele é “doente”, ele vá até a delegacia, assine um termo e vá pra casa, porque se eu perder a cabeça com o ilícito dele e partir para a ignorância, periga de eu ir presa e ele ainda ficar lá praia curtindo sua “onda” e rindo (coisa quer maconheiro mais faz, destrói os neurônios e ainda ri). Dói no meu coração ver policiais de serviço, sendo agredidos por esse “zé povinho” ignorante,o mesmo “zé povinho” que amanhã, vai pedir penico para a polícia quando for rendido, agredido, roubado seqüestrado ou baleado pelo seu próprio “funcionário”, é, seu funcionário. O povo não gosta de dizer que paga o salário do funcionário público com os impostos? Então... Os usuários pagam o salário da vagabundagem com a graninha das suas drogas.
Aos meus amigos peço desculpas pelo desabafo, mas as vezes eu fico tão p... da vida, que só falando pra melhorar, aliás, pra melhorar, só se agravassem a pena para quem agride um policial em serviço, ou se a polícia voltasse a ser como nos anos 80, eu era adolescente e lembro bem. Soube de gente tendo que engolir a maconha acesa e outros lambendo o pó, mas, também, não se usava drogas abertamente, a polícia tinha liberdade para agir e, com isso os caras tinham medo e respeitavam os outros. Agora virou bagunça. A polícia tem as mãos atadas e a justiça abranda cada vez mais as punições, parece que os homens que fazem as leis tem medo de serem pegos em suas próprias teias, sei lá, acho que já estou falando demais!