segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

"Filhos" da PMERJ




Tenho estado afastada das minhas postagens não por relaxamento, mas por motivo de doença, mesmo adoentada tem uma coisa que vem me incomodando desde o mês passado que é a história que um Policial Militar postou aqui nesse meu espaço. A história desse combatente me tocou muito e me chamou a atenção para fatos que nenhum de nós está livre de ver ocorrer com nossa família. O que vemos nesse vídeo nada mais é que a trajetória de um inocente acusado de crimes que não cometeu e que teve sua família e vida destruídas, sabe-se Deus por que! Sr. Sérgio, que Deus o proteja e guie seus passos, gostaria muito de poder ajudá-lo efetivamente e espero que, apesar de não poder ajudá-lo de forma mais concreta, esse blog possa ser de alguma valia e que possamos ser pelo menos um grãozinho da areia que irá construir o muro da sua vitória. Pode contar comigo sempre! Segue abaixo trechos do depoimento do Sr. Sérgio Cerqueira Borges, o “Borjão”.

"No BP-Choque, fomos torturados com granadas de efeito moral as vésperas do depoimento no 2º Tribunal do Júri, cujos fragmentos foram apresentados à juíza, que enviou a perícia. Isto consta nos autos, mas nada aconteceu", conta Borjão, hoje sem uma perna e com a saudade de um filho, assassinado em circunstâncias misteriosas, sem que ele nada pudesse fazer." No Natal fui transferido para a Polinter. Protestei aos gritos contra a injustiça. e Me mandaram para o hospital psiquiátrico em Bangu mas, por não ter sido aceito, retornei e em dias fui transferido para Água Santa. Lá também fui espancado e informei no dia seguinte em juízo, estando com diversos ferimentos, mas sequer fiz exame de corpo delito. Transferido para o Frei Caneca, pude ajudar a gravar as fitas com as confissões e em seguida fui transferido para o Comando de Policiamento do Interior. Após a perícia das fitas fui solto. Dei entrevistas me defendendo e tive minha liberdade provisória cassada e me mandaram para o 12ºBPM a fim de me silenciarem. No júri, fui absolvido. Meus pedidos de reintegração à PM nunca foram respondidos"."Tive um filho com 18 anos assassinado por vingança. Sofri vários atentados e um deles, a tiros, me fez perder parcialmente os movimentos da perna esquerda. Sofro de diabete, enfartei aos 38 anos e vivo com um tumor na tireóide. Hoje em dia tento reintegração à PM em ação rescisória, o processo é o número 2005.006.00322 no TJ, com pedido de tutela antecipada para cirurgia no Hospital da PM para extração do tumor. Portanto, vários atentados à dignidade humana foram cometidos. As pessoas responsáveis nunca responderão por diversas prisões de inocentes? Afinal foram 23 inocentes presos por quase quatro anos com similares seqüelas. A injustiça queima a alma e perece a carne!" Borjão hoje conta com ajuda da OAB para lutar por sua reintegração. Mas o desafio é gigantesco. Triste ironia do destino: o policial hoje mora em Vigário, palco da tragédia que o jogou no limbo. Trecho retirado do Blog do jornalista Gustavo de Almeida: A filha dele, no entanto, me contou há alguns dias que não houve tempo suficiente para esperar pela Justiça e pela PM - Borjão teve que operar às pressas o tumor na tireóide no Hospital Municipal de Duque de Caxias. A cirurgia foi bem. Sérgio Cerqueira Borges vai sobreviver mais uma vez. Sobreviver de forma quase tão dura como os parentes de 21 inocentes, estas pessoas que sobrevivem mais uma vez a cada dia, a cada hora. No Rio de Janeiro é assim: as tragédias têm vários lados e a tristeza de quem tem memória dificilmente se dissipa.