segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NINGUÉM MERECE!!!

Oi pessoal! Sei que prometi voltar logo com notícias a respeito das mudanças no setor de perícias do HCPM e sei também o quanto demorei, mas vocês entendem que ando com a vida muito corrida e o tempo é curtíssimo. As novidades custaram, mas chegaram. Ao que tudo indica a mudança foi para melhor, pois agora os policiais que estão com doenças graves e já há algum tempo licenciados, ou aqueles aos quais os médicos deram uma previsão de melhora superior a 15 dias, são logo encaminhados para a junta e aqueles cujas licenças vão até 15 dias levam o a dispensa direto ao batalhão, vamos ver se assim os casos de reforma andam mais rapidamente e beneficiam aqueles que realmente necessitam.

Bem, gostaria de só ter coisas boas para contar, mas não é bem assim que o barco navega, na maioria das vezes ele vai ao sabor do vento e, por mais que eu reme, não consigo me afastar das tempestades. O Sr. Grandão já vem há mais de um mês arrastando uma infecção pulmonar, o que vem lhe causando fortes dores nas costas do lado esquerdo que só tem sido amenizadas com o uso do Tylex (remédio controlado), até aí vamos levando enquanto aguardamos os resultados das culturas que foram enviadas para o laboratório Noel Nuttels. Dia 15/09, como as dores só pioravam, fomos ao HCPM para que um médico, na emergência, fizesse uma nova avaliação, para verificar se estava ocorrendo alguma outra reação fora a infecção, tipo um derrame pleural ou coisa que o valha, qual não foi nossa surpresa quando o médico plantonista nos informou que não poderia nos ajudar, pois não sabia que tipo de avaliação a hematologista poderia querer, então peguei o meu celular para ligar para a Dra. Solange e ele nos mandou aguardar do lado de fora enquanto tentávamos contato e que “se conseguíssemos falar com ela, ele perguntaria o que ela queria que fizesse”. Ficaram surpresos? Pois então surpreendam-se um pouco mais, já que esse médico, pelo menos, se interessou em falar com a médica do meu marido para saber o que deveria fazer, mas como o meu grandão estava sentindo-se mal, voltamos para casa para que ele pudesse se deitar e, já que dia 16/09 seria dia de quimioterapia, decidimos retornar na emergência pela manhã para tentar a dita avaliação. O médico que nos atendeu sequer levantou os olhos do jornal enquanto falávamos, então meu marido resolveu simplificar e disse: “Doutor, para resumir e não atrapalhá-lo, eu quero um pedido de raios X “de frente e de lado””, aí então ele parou de ler, pegou o receituário e perguntou: “Do tórax?”, após a confirmação ele fez o pedido e nos perguntou quem iria “ver” o RX e meu marido falou que achava que seria ele, mas se ele não pudesse que nós iríamos procurar um médico na radiologia para fazê-lo e a coisa ficou por aí mesmo. O raio X foi visto pela pneumologista que estava no ambulatório, Dra Fátima, por sinal extremamente atenciosa, que nos disse que não havia nenhuma evolução, negativa ou positiva, do quadro pulmonar. As dores continuam, cada vez mais fortes, e elas incomodam tanto que mesmo ele estando sedado pelo “Rivotril” que toma toda noite o meu grandão geme durante toda a noite.
É deprimente o policial trabalhar, se expor e numa hora como essa, ser tratado como um pedaço de carne podre no hospital que deveria recebê-lo e cuidá-lo como um combatente, como alguém que derramou o próprio sangue pela corporação. Tenho lido nos jornais que o Comandante Geral está investindo na valorização do policial, inclusive existe um projeto de parceria com a UERJ que visa formar policiais cidadãos, mas o que eles não conseguem ver é a dignidade escorrendo pelo ralo quando o policial necessita de atendimento médico e dá de cara com esse tipo de “profissional”, o homem policial militar para ser cidadão tem que, e, primeiro lugar, ser tratado com cidadania. Eu, como parte integrante do corpo de saúde do Rio de Janeiro, me senti envergonhada, triste e revoltada com o atendimento prestado. Poxa vida, se o paciente está doente, se está em tratamento e precisa de uma reavaliação quem tem que fazê-la? Quem deveria ter a obrigação de descobrir o que o paciente tem? Não seria o “senhor doutor” que está ali sentando? Eu acho que ninguém ali é pago para ler jornal, ainda esqueci de comentar que o “doutor” estava no consultório desde antes de chegarmos na emergência, mas só começou a atender quase uma hora depois disso, quando um outro médico chegou ao setor e foi ao balcão buscar as fichas, nesse meio tempo um hipertenso grave poderia ter tido um AVC bem ali e aposto que a culpa cairia nas costas do cabo que estava no balcão fazendo as fichas. A triagem de doentes está cada vez pior. Como alguém sem nenhuma formação na área de saúde pode identificar o que é urgência ou não? O que tenho visto amiúde são pessoas com crises hipertensivas graves aguardando atendimento e esperando horrores enquanto outras, em situação bem menos séria, entram logo. Um total respeito à ordem de chegada e desrespeito as condições de saúde.
Caro senhor Diretor Médico do HCPM, nós pedimos socorro desesperadamente, pedimos atenção e respeito a gravidade das nossas enfermidades e, acima de tudo, pedimos que alguém olhe pela dignidade do policial que, após servir ao estado com seu sangue e suor, necessita do respeito e dos cuidados atenciosos e diligentes dos membros desse corpo de saúde.