terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Papeleta médica... Argh!!!!!!!!!!

Tudo na vida tem regras, para tudo existe uma burocracia, um entrave burocrático. No caso das instituições públicas eu costumo chamar esses entraves de “burrocracia”. É um tal de requerimento pra cá, memorando pra lá, que um assunto que poderia ser facilmente resolvido em dez minutos acaba levando quatro horas. Como qualquer unidade governamental a PMERJ não poderia ser diferente, é requerimento, papeleta, LTS, IFP, etc, etc, etc, que chega me deixar tonta. Como todos sabem meu marido está em tratamento para câncer e fazendo a quimioterapia, o que significa baixa imunidade e uma grande facilidade para que doenças banais como uma simples gripe possam levá-lo ao hospital novamente. Onde quero chegar com isso? Bem, eu fico imaginando e avaliando a “burrocracia” da tal da papeleta médica: Qual a funcionalidade daquele bendito papelzinho verde que o PM tem que pegar no BPM toda vez que necessita ir ao médico? A única função que consegui encontrar para ele é o de dar trabalho e dificultar a ida do policial ao HPM, vendo tanta dificuldade o policial acaba desistindo de se tratar e o malandro, que só quer um atestado, desiste de tentar dar o gabiru. Mas se formos ver bem direitinho é uma das “burrocracias” mais cruéis que existe, já que acaba por afastar um doente do tratamento e leva alguém que realmente esteja passando mal a cumprir uma verdadeira maratona na busca pelo tratamento. Vamos supor que o policial seja lotado em Bangu e more em Ramos: Deu pra perceber a maratona que ele terá que cumprir? Vai sair de Ramos e irá até Bangu pegar a papeleta, de lá volta todo o caminho (passando por onde mora) e vai para o HCPM e é atendido, o médico, então, o põe de LTS, ele desce a rampa vai pra junta, pega aquele monte de papéis (no meio deles a bendita papeleta) com a licença homologada e volta para Bangu (não esquecendo que, mais uma vez, para chegar ao 14º BPM o cara passou pela sua casa, o local onde ele mais quer estar, já que está doente e precisa de repouso) e só depois dessa via crucis é que ele pode ir para casa. O que não entendo é porque não se abole esse bendito papelzinho verde e passam a aceitar um atestado em receituário do próprio HPM, seja indicando as horas, ou seja dando as pequenas dispensas, quanto as LTSs e IFPs, tenho que concordar que a ida a junta para passar por uma perícia seja necessária, afinal, em qualquer lugar quem realmente decide a necessidade real de afastamento é a perícia, mas em relação ao bendito papelzinho verde, estou começando agora uma campanha: “ABAIXO A PAPELETA! CHEGA DE BURROCRACIA! VIVA A LIBERDADE DE ATENDIMENTO MÉDICO!”
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Bem gente, deixo aqui o meu recado, agora já vou indo, pois o meu grandão me chama e eu preciso curtir meu amorzão em casa ao máximo, beijos e FELIZ NATAL!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

SOLIDARIEDADE

Li hoje nos meus recadinhos um pedido da amiga Sgt. Ana Barbosa a respeito das necessidades especiais de alguns policiais e seus familiares e vou tentar ajudar no que for possível. O primeiro passo é o de esclarecer que, apesar de não existir uma política governamental voltada para o policial em situação especial e suas famílias, existe um sistema de auxílio dado pela DAS (Diretoria de Assistência Social) para esses policiais, não só para eles como para qualquer dependente que se encontre em situação de necessidade de medicamentos, materiais para curativos, cadeiras de roda, cadeiras higiências, camas especiais, etc. Como todos sabemos tudo que vem do governo é demorado pois depende de verba pública e essas verbas, muito pequenas, acabam rápido, mas uma vez protocolado o pedido e realizados os tramites burocráticos a DAS fornece os materiais. Como vocês devem proceder? Em primeiro lugar o médico que acompanha o paciente deverá fazer os pedidos em receituário padrão da PMERJ, cada ítem deve ser pedido em um receituário diferente, não adianta pedir no mesmo tudo o que se precisa, salvo as medicações que, se forem de uso contínuo, podem ser pedidas todas em uma única folha. Com esses pedidos em mãos vocês devem se encaminhar à DAS, que agora está funcionando no 4º BPM-São Cristóvão, e protocolar o pedido. Em caso de dúvidas liguem para a DAS e procurem se informar. Esse esclarecimento eu recebi da Assistente Social enquanto meu marido esteve internado e pude constatar a veracidade da assistência pois conheci pacientes que saíram de lá com cadeiras de roda, camas, fraldas e outros ítens necessários. Espero ter podido ajudar um pouco com essas informações.

domingo, 13 de dezembro de 2009

HCPM - Críticas e agradecimentos!

Bom dia!
Em primeiro lugar gostaria de dar notícia do meu grandão. Depois de longos 72 dias de internação, muitos exames e sustos, finalmente voltamos para casa, e com ele bem melhor. E estamos de volta com o diagnóstico fechado e tratamento iniciado. Meu marido está com um linfoma no mediastino, para os amigos que não sabem do que se trata darei uma breve explicação. O linfoma é um tipo de câncer que acomete o sistema linfático (sistema de defesa do organismo) e mediastino é aquele espacinho vago que temos no tórax mais ou menos entre o coração e os pulmões. Temos consciência de ser uma doença grave, mas ele já fez a radioterapia, tendo uma grande melhora nos sintomas, inclusive recuperando um pouquinho do peso perdido. E a quimioterapia vai começar na próxima semana.
Na verdade eu vim aqui para falar do hospital. Muitas vezes falamos do que não conhecemos, sem conhecimento de causa e sem enxergar o problema por dentro e eu tive a oportunidade de avaliar o HCPM lá dentro, de ver pelos olhos do paciente sendo uma crítica da área de saúde. Foi-me um pouco difícil, no início, entender o que se passava, afinal era o meu marido que estava ali e, por isso, meus olhos estavam turvos pelo sentimento, depois comecei a tentar ver as coisas pelo lado dos profissionais que ali trabalham e me coloquei no lugar deles. Enquanto pacientes internos, muitas vezes sentindo dor e muito mal estar não é fácil perdoar, desculpar ou mesmo ver justificadas as faltas daqueles que nos cuidam, mas basta se pôr no lugar do outro para que possamos entender. Como em todo lugar, lá também existem maus profissionais, existem aqueles que ignoram a dor, debocham da tristeza e se tornam insensíveis aos problemas dos outros, mas esses só são dignos de pena, pois ninguém está livre de adoecer e a vida é a melhor escola e quem não aprende pelo amor, aprende pela dor. Agora, lá existem excelentes profissionais, médicos e corpo de enfermagem que lutam dia-a-dia contra a falta de pessoal, a deficiência da máquina burocrática, os baixos salários e, tudo isso, sem contar com o mau humor de uns e outros (Caramba! Tem acompanhante que parece que só vai para o hospital pra comer e encher o saco da equipe). O que vi realmente no HCPM foi muita vontade de fazer o melhor, mas muitas vezes pontuada pelo desânimo. Alguém já parou pra pensar em como é difícil para uma equipe de enfermagem com seis pessoas cuidar de mais de trinta pacientes, a grande maioria deles acamados, necessitando de cuidados integrais no leito? Nas entrelinhas não podemos esquecer das medicações que cada um faz, em média, três tipos diferentes, os testes e exames que tem que ser feitos durante o dia, as anotações de enfermagem, etc, etc, etc... O número de profissionais é pequeno para o volume de serviço e são seis profissionais em média por que ainda contam com os cooperativados que estão para ir embora, aí é que vai dar “xabú”! Muitos dos militares que estão lá são combatentes que fizeram o curso técnico de enfermagem e foram deslocados para trabalhar no HPM, se não fosse isso estaria pior. O que me espanta ainda mais é saber que pensaram em levar os aptos, lotados na saúde, mas que são combatentes, de volta para a rua aliás, não sei se o pior é isso ou saber que todo ano são admitidos mais de quatro mil policiais e se fizermos uma continha, levando em consideração que cada PM leva para a corporação, além dele, no mínimo, mais dois dependentes, teremos um crescimento de demanda de pelo menos mais doze mil pessoas tendo a necessidade de ser atendidas na unidade, creio que haveria a então a real necessidade de se abrirem, pelo menos, mais uns 270 leitos, com isso uma necessidade urgente de muitos profissionais a mais (esse número eu nem ousei calcular, vou deixar para quem tenha a real noção), só vou contar para vocês que não é feito concurso para a saúde da PMERJ há onze anos. Construir outro hospital seria a solução? Acho que passa por aí, mas construir um prédio não significa bom atendimento, pois uma boa assistência passa pela valorização do profissional e pelo quantitativo para que a equipe possa ter flexibilidade, mobilidade, tempo hábil e “descanso” para realizar as suas tarefas a contento.
Em matéria de conforto, até que não podemos nos queixar. Todas as enfermarias têm ar condicionado e ventiladores e, apesar de vermos dificuldades, as roupas são trocadas todos os dias (quase – tem dias que falta fronha ou pijamas).
Uma crítica mais contundente precisa ser feita: Sei que o HPM é uma unidade militar, mas a comida servida ao paciente, além de pouca, tem dias que é de péssima qualidade, claro que pacientes mais debilitados e com necessidades especiais de alimentação recebem um complemento alimentar, mas isso é feito pela nutrição ou pelos médicos assistentes. O que o Ministério da Saúde preconiza é que um profissional de nutrição estabeleça e faça cumprir um cardápio balanceado com seis refeições diárias e o problema já começa por aí: São cinco! A colação (pequeno lanche servido entre o café da manhã e o almoço), lá não existe. O café da manhã do doente que tem dieta livre deve compreender uma determinada quantidade de proteínas, carboidratos e outros nutrientes que, com certeza, não estão contidos no magro “café com leite e pão com manteiga (raramente vista dentro dos pães)”, quase todos os dias a dieta compreende frango. Entendo (porém não aceito) que a alimentação nos ranchos de alguns quartéis seja ruim, mas no hospital? Usar pouco sal e não usar certos condimentos é uma coisa, mas servir carne dura, fígado verde e frango mal cozido a pessoas que estão tentando se restabelecer chega a ser cruel, ainda mais se levarmos em consideração que não se pode levar nem uma fruta de casa.
É acho que chega de reclamar, me alonguei muito, mas os problemas são tantos que, nem assim, consegui falar de todos eles. Apesar de tudo gostaria de deixar aqui alguns agradecimentos especiais, espero que quem eu não citar não se aborreça, vou tentar lembrar de todos, mas com tantos problemas minha memória anda meio falha.
Aí vão os nomes de pessoas muito especiais e que foram muito importantes para mim nesse longo período de internação:
CEL. James Strougo (DGS), CEL. Borges (diretor médico do HCPM), Dra. Maura, Cap. Ana Lúcia, Cap. Adriana, CB. Carmo (Anatomia Patológica), Márcia e Rose (copeiras), D. Marina, Joyce, Paula e Jô (limpeza) e agora aos meus fofos e fofas da equipe de enfermagem da clínica médica: Eunice, Simas, Coutinho, Tânia, Lu, Guinâncio, De Souza, Amorim, Bruno, Fabiana, Antônia, Beth, etc... Desculpem os que não citei, não foi por mal, só não consigo lembrar os nomes, mas todos os rostos estão gravados na minha memória e coração.

Obrigada por tudo!